Cigano Fogoso...
Cigano meu cigano fogoso e dengoso…
Como é bom ser levada em teus braços…
De brasa ser atiçada, queimada por teu fogo…
Morder tua boca, beijar, alisar teus traços….
Cigano de olhar tristonho e febril..
Vulto adorado nas noites de insônia…
Teus carinhos lembram a cachoeira…
Debruçada… sobre a bela begônia…
Cigano meu, misto de deus e duende,
Mistério que não acaba e me prende…
É teu meu pensamento, meu corpo…
Sou feliz assim, cativa… dessa corrente…
De ti respiro… bebo vida… energia…
Me perco e me encontro em teu corpo.
Na dança sutil exalando perfume, paixão.
Vinte é quatro horas de amor… é pouco!
Cigano meu, quente, de peito macio…
Quero beber o prazer na tua taça…
Rodopiar, girar, bailar no teu arrepio…
Dar continuidade à nossa bela raça!…
Vem cigano meu, me abraça, me caça!
Sou tua para sempre, de graça...
Gitano Huan Carlos Kallon
Mulher Cigana
Mulher misteriosa,
tem na face um olhar brejeiro,
soriso aberto e gestos encantadores.
Quando dança,
a carne vibra paixão,
exaltando a alma livre
que pulsa em seu coração,
transmitindo a magia
e o poder da sedução.
Sua verdade segue, alada à intuição,
sem pensar ferir a raça, ou quebrar a tradição.
Saborea a liberdade,
sem fincar os pés no chão,
conhece os segredos da magia,
inscritos na palma das mãos.
Passado o presente, vem o futuro
que Deus lhe deu,
seu destino reune valores,
que pode transportar
a luz do sol sob o luar,
seu lar é um acampamento,
onde para para amar.
Nada se impõe à vida, que precisa passar
sobre mares, rios, e pontes
que possa atravessar.
Alegre, dança; triste, encanta,
sem jamais chorar.
Mulher cigana é uma estrela,
que ninguém pode tocar.
Gitano Huan Carlos Kallon
Alma Cigana
Eu nunca fiz segredo
que a minha alma é cigana
perambula pelo mundo
dança, canta, não engana.
Meu coração… esse já é português
tem sotaque e nostalgia lusitanos
das margens do Tejo ficou freguês
e fados vive cantando.
Enquanto ele canta fados
a alma toca castanholas
mas ambos se abraçam contentes
numa moda de viola.
No bolero são renitentes
não desprezam seu encanto
mas sonham noites e dias
com a magia do tango.
Ah! eu jamais trocaria…
minha alma ou coração
são livres como águias no céu
trapaceiam como irmãos.
Já estiveram na Grécia
também em Jerusalém
mas a pátria deles e minha
é a pátria que ninguém tem.
Mas falando em governantes
é saga que ninguém merece
por isso deixo minh’alma
fazer o que lhe apetece.
Ela vê a sua sorte
se assim o desejar
mas não lhe fala de morte
pois segue essa linear.
A minha sorte eu não sei
ver, eu nunca consegui
mesmo sendo tão cigana
não sei nem se eu já morri.
Se o meu amor foi na frente
se ainda espera por mim
tudo que eu sei e que eu canto
é só do que aqui vivi.
E da minha liberdade
que a prezo mais que tudo
pois cigana de verdade
não se prende nesse mundo!
Quem me conhece já sabe
gosto de vermelho forte
nas minhas saias rodadas
que dos dois lados tem cortes.
Pra facilitar a dança
nos volteios deslumbrantes
que me tomam nos meus sonhos
nos braços do meu amante.
Tenho uma rosa no peito
bem lá dentro tatuada
esteve nos meus cabelos
em outras vidas passadas.
Assim vou sendo feliz
do meu jeito tão singular
que pouca gente me entende
mas não lhes deixo de amar!
Gitano Huan Carlos Kallon
Coração cigano
Oh, coração valente,
oh, coração leviano,
oh, coração ardente,
és coração cigano.
Tua vida nunca é certa,
teu destino desconheces,
não és teu, nem és de ninguém.
Teu caminho, uma porta aberta,
és amado, mas não mereces,
vives só, mas tens sempre alguém.
Oh, coração sem alma,
oh, coração malandro,
oh, coração sem calma,
és coração cigano.
Pelo amor vives, pelo amor morres,
teus olhos negros, são quentes,
são frios, mostras alegria,
mas no fundo estás triste.
No quadro do tempo, teu rosto,
marcado por rugas, são rios,
cheios de amores que só tu viste.
Oh, coração em chamas,
oh, coração ladrão,
oh, coração que amas,
és coração cigano.
Coração cigano, tu nunca és feliz,
e quem te ama, sofre o mesmo destino.
Tu nasceste para amar, não para ser amado,
da chama cigana tu és de raiz,
viver sem passado, é o teu castigo,
não saber quem amas, é o teu fado.
Gitano Huan Carlos Kallon
Amor Cigano
Eu o vi naquela praça
no meio da multidão
tinha a magia nos olhos
mostrava seu coração.
Aquele rosto marcante
jamais será esquecido
os seus movimentos ágeis
a voz quente em meu ouvido.
Eu me vi entre os seus braços
no lugar da sua parceira
comungando as suas crenças
sendo a sua companheira.
Seus olhos me dominaram
por completo, a noite inteira
meus sonhos foram brilhantes
minh'alma foi sua bateia.
Era amor o que eu sentia
o meu doce amor cigano
que eu vivi somente um dia
mas pareceu muitos anos.
Ele era a própria liberdade
não pude prendê-lo a mim
só absorvi a sua dança
amando-o até o fim.
Naquela mágica noite
que eu nunca vou esquecer
eu fui anjo e fui demônio
sem ao menos perceber.
Gitano Huan Carlos Kallon